“Qualidade é a adequação ao uso. É a conformidade às exigências”(1).
Esta é a definição técnica estabelecida pelo ISO – INTERNATIONAL
STANDARDIZATION ORGANIZATION, situado na Suíça e responsável pelas
normas de Qualidade, em diversos setores, no mundo inteiro. Contudo,
quando falamos de Qualidade é forçoso render-se a definições mais
abrangentes. “Qualidade tem a ver , primordialmente, com o processo pelo
qual os produtos ou serviços são materializados. Se o processo for bem
realizado, um bom produto final advirá naturalmente. A Qualidade reside
no que se faz – aliás – em tudo o que se faz – e não apenas no que se
tem como conseqüência disso”(2). Ou, em outras palavras, todos os
processos de uma determinada atividade são importantes; se os processos
forem desenvolvidos com qualidade, o produto final terá qualidade.
Cabem aqui algumas observações. Se perguntarmos a várias pessoas leigas
,“O que é Qualidade?”, provavelmente receberemos várias respostas
diferentes. A Qualidade está ligada a sentimentos subjetivos que
refletem as necessidades internas de cada um. Muitas pessoas avaliam a
Qualidade pela aparência; Outras se voltam à qualidade do material com
que é feito o produto. Outras, ainda, avaliam a Qualidade de alguma
coisa pelo preço. Existem várias dimensões da Qualidade.
O
aspecto objetivo, mensurável da Qualidade, é o processo. É através dele
que se pode implantar sistemas como o da ISO-9000, por exemplo. Isto
pode ser aplicado desde a fabricação de um automóvel até a confecção de
um sanduíche. Utilizemo-nos de dois exemplos de Qualidade nas atividades
citadas: o veículo Rolls Royce e os sanduíches McDonald`s. Tanto um
quanto o outro têm todas as suas etapas de desenvolvimento bem
estabelecidas. É a valorização dos processos. A tinta na coloração
exata, as máquinas da linha de produção perfeitamente reguladas, os
parafusos nos lugares corretos, o tempo de fabricação perfeitamente
controlado, um veículo exatamente igual ao outro. Da mesma forma, os
componentes do sanduíche sempre do mesmo fornecedor, a chapa de fritura
aquecida na mesma temperatura, a forma do manuseio do sanduíche sempre
com higiene resultando num produto final bastante parecido, independente
da lanchonete que se utilize. É o chamado padrão de Qualidade.
Contudo, outras dimensões da Qualidade existem que não podem ser
mensuradas. Podemos não duvidar da higiene de um sanduíche McDonald`s
mas podemos, também, não apreciar suas instalações (muitos acreditam que
suas mesas e bancos sejam tão somente adequados às crianças e aos
adolescentes). Podemos não duvidar da Qualidade de um Rolls Royce, mas
podemos criticar o seu preço. Ou seja, as organizações preocuparam-se em
estudar a Qualidade nas dimensões não atingidas pelos processos. Daí
surgiu a Qualidade Total.
A Qualidade Total é muito abrangente
e se dedica a estudar a satisfação dos clientes. O conceito de cliente
deve ser estendido ao ponto de, todos - numa organização – serem
considerados clientes. São os clientes externos (todos que entram em
contato com a organização e que não são parte integrante da mesma) e os
clientes internos (todos os funcionários e setores da organização).
Dessa forma são avaliadas as relações dos diversos departamentos de uma
organização e as relações desta com a sociedade como um todo.
A QUALIDADE VOLTADA AO ATENDIMENTO.
Das várias faces abordadas pela Qualidade Total, o Atendimento é
fundamental. É o Atendimento que realiza a interação
organização-cliente. As pessoas conhecem a organização através de suas
instalações físicas e de seu contato com os funcionários dessa
organização. E é justamente aqui que a Qualidade consegue detectar um
grande problema. Quais são as pessoas que constituem a “linha de frente”
de qualquer organização? Quando temos um primeiro contato, com qualquer
organização do mundo, seremos atendidos ou por uma recepcionista, se
formos pessoalmente, ou por uma telefonista, se utilizarmos o telefone.
Ou seja, pessoas que muitas vezes tem um nível de comprometimento
pequeno com os resultados da organização. E aí está o problema: toda a
primeira impressão nas mãos de alguém que poderá estar desmotivado, mal
informado e, até, na pior das hipóteses, propositalmente querendo jogar
“contra”, podendo ser mal educado, grosseiro, etc.
A solução
para este problema está no treinamento. As pesquisas sobre motivação e
produtividade não são recentes. Já entre 1927 e 1932 na fábrica
Hawthorne da Western Eletric Company (Chicago, EUA), Elton Mayo deduziu
que “os operários tendem a congregar-se em grupos informais com o fim de
preencher um vácuo em suas vidas, resultante de uma necessidade básica
de cooperação e camaradagem.” (3). A intuição de Mayo foi confirmada por
uma pesquisa realizada na respeitável Escola Superior de Administração
de Empresas da Universidade de Harvard. A pesquisa indicou que para
aumentar a produtividade era necessário que “se estabelecessem melhores
comunicações a fim de que a gerência e os trabalhadores tivessem,
constantemente, uma idéia mais favorável das opiniões uns dos
outros…”(3). O funcionário precisa sentir-se valorizado. Essa
valorização permite que o mesmo execute suas funções de forma mais
responsável e comprometida.
Voltando à conclusão de Mayo, o
trabalhador quer sentir-se importante naquilo que faz, enfim, necessita
de reconhecimento. E é justamente aqui que encontramos outra gama de
dificuldades na implantação de uma gestão de Qualidade: nós não estamos
acostumados a estimular o bom trabalho individual. Como podemos esperar
que o funcionário de atendimento repasse sentimentos de compreensão e
interesse pelos problemas do público se ele próprio não dispõe da
compreensão e interesse de seus superiores? Como vemos, é uma questão
cultural que deve ser entendida para ser superada. E só o treinamento
propicia isto.
Para completar esta brevíssima visão do
problema, deixemos Júlio Lobos com a sua habitual franqueza: “Qualquer
pessoa com vivência de fábrica sabe que, quanto a seu funcionamento,
gerentes – e até mesmo diretores – não fazem muita diferença. Numa obra
de construção civil acontece coisa parecida com os engenheiros
responsáveis. Em todos esses casos, quem ‘toca’o negócio pra frente, na
prática, são sempre os supervisores, mestres-de-obras ou líderes, ou
seja, aqueles que comandam diretamente as equipes de trabalho. Eles
podem decretar o sucesso (ou o fracasso) de uma campanha de contenção de
despesas, impedir (ou facilitar) a deflagração de uma greve, esclarecer
(ou deturpar) as informações que a direção da empresa deseja transmitir
a todos os trabalhadores, etc.”(4).
Como vimos a política de
atendimento de uma organização necessita estimular, antes de tudo, o
treinamento e a conscientização do pessoal da linha de frente. Tanto
aqueles que executam o trabalho diretamente, como seus líderes e
coordenadores diretos.
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Postar um comentário